Fluctus, ou onda, em tradução do latim. Um trânsito intermitente, uma procura, um labor persistente.
A minha casa é o mar. Transitei por muitos sítios a procura do oculto, talvez até mesmo do oculto em mim.
Nenhum deles jamais soube-me a lar.
Mas, uma vez permeada pela água... essa sim: essa é a minha casa. A sensação de que somos um. Eu e o mar, uma fusão mística. Mar-eu. Mareia. Um ritual de liberdade.
A melancolia de nômade errática talvez seja a minha própria revolução: se a minha casa é o mar, qualquer lugar pode ser para mim uma casa, desde que beirado pelo mar; banhada pelo mar... eu encontro o lar em mim.
12 peças de dimensões variáveis foram esculpidas em grés fino e vidradas com um combinado de óxido de cobre e corante azul, em 12 tons diferentes, sendo um para cada escultura, em uma paleta de cores crescente. Cada uma das peças é nomeada por uma das ruas em que vivi; são elas, por ordem:
1. Rua Venina
2. Rua Petrolândia
3. Rua Florânia
4. Rua Paratinga
5. Rua Criciúma
6. Rua Ponta Porã
7. Rua Nicolau Tunala
8. Rua Volta Redonda
9. Rua Marquês de Valença
10. Avenina Xanana Gusmão
11. Rua Conde de Burnay
12. Travessa de Cedofeita
Fluctus esteve patente na exposição Lume Brando, na Fábrica de Santo Thyrso, em julho de 2021. Localizada numa sala com água no solo, oferecia uma experiência conceptualmente relacionável ao espectador, na medida em que era preciso molhar os pés para observar a série.
Fluctus
2021
pasta grés vidrada e pastel de óleo